Desta vez assustei-me!!! Faltavam 10 minutos para as 21,30 horas quando entrei no Salão Nobre da Junta e deparei-me com este completamente cheio! Muitas crianças, numa roda viva, afinavam as suas vozes, as flautas, o saxofone e o órgão… parei no meio do Salão e lancei um olhar interrogador à mesa onde me deveria sentar e mal reparei no sorriso do Mário Jorge. Dei meia volta e fui chamar a Milú e a Maria Mamede que deixara no café e pedi-lhes para tomarem os seus lugares.
Sentámo-nos à mesa, pedi aos presentes para se inscreverem nos temas propostos para esta Noite de Poesia e pouco passava das 21,30 horas, agora com o Salão Nobre ainda mais cheio de tanta gente, de tanta criança, de tantos papás e mamãs que não se cansavam de tirar fotografias dos seus filhotes, quando começamos.
Mário Jorge introduziu a "Escola de Música da Filarmonia de Vermoim" que nos iria acompanhar no “Sarau de Poesia de 3 Novembro”.
Começaram os mais pequeninos (4 a 7 anos), interpretando “Castanhas, castanhas” e “1,2.3 Castanhas”. Uma peça a que deram vida à letra através da expressão corporal. Foram acompanhados à flauta pela Maria Luísa (8 anos) e Ana Sofia (9 anos).
Adérito Morais “abriu” a Noites de Poesia em Vermoim com um poema dedicado ao tema (“Despidas, mas sempre belas”), seguindo-se intervenção dos poetas Helena Guimarães, Maria Mamede, Teresa Gonçalves, Armindo Cardoso, Manuela Miguéns (pela voz da Maria Mamede) e Albino Santos.
José Gomes deu a voz aos poetas que enviaram trabalhos através da rubrica "Poesia na Net": João Diogo, Margusta, Jaime Gonçalves e Lena Maltez.
Os “miúdos” da Escola de Música da Filarmonia de Vermoim, nesta primeira parte, interpretaram:
- “Quando chega o Outono” – flautas – Maria Luísa e Ana Sofia (8 e 9 anos):
- “Papagaio Louro” – flautas – Gonçalo, Bárbara, Bruna, Francisco e Jorge (8,9,11,11 e 14 anos);
- “Pombinhas da Cat’rina” – flautas – Ana, Gonçalo, Bárbara e Pedro (8,8,9 e 13 anos);
- “Hino da Alegria” – flautas – Ana, João, Bruna, Francisco e Jorge (8,11, 11, 11 e 14 anos);
- “Menina estás à janela” – flautas – Pedro e Marta (13 e 27 anos).
Antes de dar início ao Tema Livre, a Maria Mamede agradeceu a presença dos mais pequeninos nesta maratona de adultos e pediu-lhes mais um pouco de paciência para aguentarem esta Noite de Poesia, que inicialmente só estava preparada para os mais velhos.
Desta primeira parte escolhi o poema de Helena Guimarães:
Despidas, mas sempre belas!
Queria voltar à inocência.
Não saber que existe
mácula no coração do Homem,
ambição a desenhar a vida,
inveja a envenenar o sangue,
mentira a entortar a boca.
Queria esquecer as verdades,
axiomas ditos absolutos
inculcados pelos média
no aculturado pensamento global.
Ignorar os paraquês da massificação
porque somos gerados
diferentes em forma e intenção.
Acreditar, por um momento,
que me posso encontrar
neste oceano de palavras
que me afrontam os sentidos.
Que a liberdade de ser
vem escrita no ADN
e é preciso procurar
por baixo do vidro,
cumprir o destino do Inverno,
como as árvores solitárias
de ramos entrelaçados
sacrificam as suas vestes,
guardam no frio e no silêncio
a força adormecida da vida
cativando o nosso olhar.
Intensas, na sua autenticidade,
despidas, mas sempre belas!
Helena Guimarães
(Poema declamado pela a autora, nesta Sessão).
Fernanda Garcia abriu o "Tema Livre”. Armindo Cardoso, depois de ter declamado os seus poemas para este tema e, como já bem sendo hábito, recordou o saudoso poeta José Castro Reis, através de um poema do livro “Esta Cidade que eu Amo”.
Leonor Reis declamou, também, um poema de seu pai.
António Castilho Dias leu-nos uma sátira que serviu para sorrir e fazer descontrair as pessoas que enchiam o Salão Nobre.
O Tema Livre continuou com intervenções dos poetas José António Gonçalves, Ercília Freitas, José Silva, José Faria (pela primeira vez em Vermoim), Teresa Gonçalves, Adérito Morais, Helena Guimarães, Maria Mamede e Albino Santos.
José Gomes leu o conto “S. Martinho – segundo J. Gomes” que teve o condão de prender a atenção dos mais pequeninos.
Os mais “graúdos” (8 aos 27 anos) da Escola de Música Filarmonia de Vermoim interpretaram “Alecrim”, “Os bons tempos de outrora”, “ La cucaracha” e “La raspa” em flauta e órgão. Pedro Leite (13 anos), em saxofone, interpretou “Space Girl”, “Clowntanz” e “Und los gent’s”.
Anúncios feitos durante esta Noite de Poesia em Vermoim:
- 18 Novembro 2007, pelas 16 horas – “O CANTO DO ZECA – Tributo a José Afonso” – participação, entre outros, de Francisco Fanhais e José Mário Branco, no Fórum da Maia;
- 24 Novembro 2007, pelas 16 horas – lançamento do livro de Cesário Costa, “Morto por te ver!... – cartas de um soldado na guerra em Angola (1967-1969)”, no Palacete dos Viscondes de Balsemão, no Porto;
- 24 Novembro 2007, pelas 18 horas – abertura da Exposição Colectiva do Núcleo de Fotografia do Flor de Infesta, nesta Associação, em S. Mamede Infesta;
- 24 Novembro 2007, pelas 21,30 horas – “Uma Noite Recordando… Adriano Correia de Oliveira”; participação: José Gomes, Maria Mamede, Carlos Andrade, João Teixeira, José Silva, na Cripta da Igreja de Gueifães.
- 1 Dezembro 2007, pelas 16 horas – apresentação do livro do poeta Jorge Casimiro, das Caldas da Rainha, no Clube dos Fenianos, no Porto.
O tema proposto para a próxima Noites de Poesia em Vermoim (dia 1 de Dezembro, pelas 21,30 horas) é “É sempre Natal, no peito!”.
Cá vos esperamos em Dezembro!
José Gomes