A reportagem possível da
Noite de Poesia de 1 de Dezembro de 2007
“Há catorze anos, no dia 1 de Dezembro de 1993, no Fórum da Maia, era inaugurada a Manusmaia – Mostra Cultural e d’Artesanato da Cidade da Maia. Começava. Assim, o Movimentum – Arte e Cultura a dar os seus primeiros passos. Parabéns Maria Mamede, Maria Jerónima, Milú, Sónia e José Gomes”.
Foi um sábado a lembrar que estávamos a entrar no mês do Inverno. O frio e o nevoeiro apareceram em força, mas – mesmo com a concorrência do futebol na TV – não conseguiram desmobilizar os amantes da poesia nem os alunos da Escola de Música da Filarmonia de Vermoim que apareceram em força! Até o Salão Nobre da Junta aquecido colaborou na manutenção do calor humano que nos rodeou.
A Noite de Poesia começou com “Amazing Grace”, um tradicional americano interpretado à flauta por Ana Sofia e Maria Luísa, ambas com 9 anos.
Maria Mamede “abriu” esta Noite de Poesia declamando o poema que escreveu para o tema (É sempre Natal no peito) e que faz parte do programa distribuído. Seguiu-se a intervenção dos poetas Adérito Morais, Armindo Cardoso, Leonor Reis (que leu “Poemas de Natal” e “Natal da Cidade”, de autoria de seu pai o poeta José Castro Reis e que fazem parte do livro “Etéreas Sinfonias de Natal”), Jaime Gonçalves, Ferreira da Costa, Albino Santos, José Gomes, Helena Guimarães e Teresa Gonçalves.
A rubrica “Poesia na Net” esteve a cargo de José Gomes que leu o poema “Sempre”, de Paula Raposo (Lisboa) e “É sempre Natal, no peito” de João Diogo (Brasil). Maria Mamede deu voz a Lena Maltez (É sempre Natal no peito) e a Margusta (Sem título).
A Escola de Música da Filarmonia de Vermoim animou a parte musical desta Noite de Poesia com interpretações à flauta de Ana Sofia, Maria Luísa, Marta Pires e Pedro Leite (que também tocou saxofone a solo), sob a supervisão dos professores Bárbara Gaspar e Pedro Gomes.
Antes de dar início ao Tema Livre, Maria Mamede agradeceu a presença e a actuação dos alunos da Escola de Música e dedicou-lhes “A última prenda do Menino Jesus”, um poema de Adolfo Simões Muller.
Tivemos a presença de Jorge Casimiro, um poeta de Caldas da Rainha, que nessa tarde de sábado fez, no Clube Fenianos Portuenses, a apresentação do seu livro “Murmúrios Ventos”. Maria Mamede e Teresa Gonçalves leram alguns poemas deste livro.
Desta vez foi difícil escolher, desta primeira parte, um poema, tal a qualidade deles. Decidi-me por este, de Ferreira da Costa:
É sempre Natal no peito!
É sempre Natal no peito
de quem no peito a seu jeito,
do Natal sente a razão;
O Natal fará magia
no homem que em cada dia
tem aberto o coração.
No peito é sempre Natal
quando o bem supera o mal
e a paz supera a guerra;
Se o ódio e a vingança
dão lugar à esperança
haverá Natal na terra.
No peito Natal é sempre
que uma mãe traz no ventre
uma criança a crescer;
Se lhe prepara o caminho
e a gera com carinho
há Natal, quando nascer.
No peito Natal sempre é
se o homem tiver fé
e com fé abrir seus braços;
Se quem precisa, ajudar,
vai com certeza encontrar
o bom rumo dos seus passos.
Em quem sonha, chora e ri
e sente dentro de si
muito p’los outros ter feito;
Quando o mal o inquieta
e se dá de alma aberta
é sempre Natal no peito.
Ferreira da Costa
(Poema declamado pelo autor, nesta Sessão).
Fernanda Garcia abriu o tema “Livre”. Armindo Cardoso, depois de lidos os seus poemas e como já bem sendo hábito, recordou o poeta José Castro Reis (“Querido amigo e mestre, com a leitura do poema Rio Douro do livro Esta Cidade que eu Amo”).
Seguiram-se as intervenções de Castiho Dias, Adérito Morais, Conceição Alexandre (que fez o seu baptismo nestas lides da Poesia),Jaime Gonçalves, Ercília Freitas, Teresa Gonçalves, Ferreira da Costa, Leonor Reis, Helena Guimarães, Maria Mamede e Albino Santos.
José Gomes, com os votos de Bom Natal e um Bom Ano, dedicou a todos este poema:
Natal Timor
Meu Natal Timor
Meu primeiro Natal!
Quantos anos tinha?
Nunca o soube ao certo!
Minha mãe-menina
Fez o seu presépio.
Uma enconta arrancada a Ramelau
Com uma gruta ausente
Cheia de maromak
E perfume de coco.
Um búfalo e um kuda
E o bafo quente dos seus pulmões.
E o menino sobre a palha de arroz
E as folhas de cafeeiro.
Um menino branco
Igual aos que chegavam de longe.
- Inan, quem é?
- É o maromak filho e teu irmão!
E eu recuei, porque via no berço
Um menino rosado
Um menino branco
Igual aos que chegavam de longe.
- Ele é mais do que todos teu irmão…
- Mas como pode ser um meu irmão?
É teu irmão: firma-lhe bem os olhos, meu amor!
E eu obedecendo
Firmei-me todo nele
E vejo-o desde então
Também da minha cor.
Fernando Sylvan
(1917-1993. Poeta, prosador e ensaísta timorense).
Mário Jorge anunciou o lançamento do livro de Ercília Freitas (Ao encontro do nada). No próximo sábado, 8 de Dezembro, pelas 21,30 horas, no Salão Nobre da Junta de Freguesia de Vermoim, convidando todos a estarem presentes neste evento.
O tema proposto para a próxima Noites de Poesia em Vermoim (dia 5 de Janeiro, pelas 21,30 horas) é “Fontes”. Um desafio para a vossa imaginação!
Cá vos esperamos em Janeiro.
Bom Natal e que o Novo Ano traga tudo de bom, que bem o merecemos!!!!
José Gomes