domingo, 4 de maio de 2008

Noites de Poesia em Vermoim... a “reportagem” de ontem…

A reportagem do dia 3 de Maio de 2008

Desta vez começamos a horas e com os parabéns ao Albino Santos, avô babado desde as 20 horas!!! Até lhe troquei o nome, ao dar a notícia…

Tivemos uma casa razoavelmente composta, apesar da “concorrência” da Queima das Fitas (a Serenata) e do Rão Kyao que actuou no Grande Auditório do Fórum da Maia (que raiva!!! E eu que gostaria de estar presente neste concerto, não fosse o dia da Noite de Poesia!!!!). Mas como um azar nunca vem só o “Quarteto da Filarmonia de Vermoim” não pôde estar presente nesta Sessão devido à actuação da Filarmonia em Vila Conde. E ficamos sem música… sem música, sim! Mas valeu-nos o nosso versátil poeta Ferreira da Costa que nos cantou a solo uma bela canção… calma, calma! Mais à frente falarei nisto.

Anunciei a “Comunicação de ausência” do poeta Armindo Cardoso que foi submetido a uma operação cirúrgica na passada quinta-feira e que devido a este facto não pode estar presente nesta Sábado. Apresentei o seu abraço a todos e que foi retribuído por todos os presentes.


Maria Mamede
deu início à Noite de Poesia com a declamação do poema “Penso em Ti”, do seu livro “Palavras Gastas.

Seguiram-se, depois, as intervenções de Teresa Gonçalves, José Gomes, Fátima Fernandes, Cândida Ribeiro, Manuela Miguéns, Jaime Gonçalves, Manuela Carneiro, Silvino Figueiredo (o “Figas” que nos tem acompanhado em outras Sessões de Poesia e que nos leu algumas recolhas de “Pensamentos”). Elisabete Carvalho, Joaquim Soares (um poeta que veio pela primeira vez a Vermoim), Ercília Freitas, Ferreira da Costa, Maria Mamede, Albino Santos e Inocêncio Vidal pela voz de Jaime Gonçalves.

A Poesia na Net esteve a cargo de José Gomes e Maria Mamede que leram poemas de Paula Raposo (Pensamentos), Isabel Cruz (Pensamentos junto ao mar), João Diogo (Pensamentos), Palmira Marques (“Mãe Timorense” – que dedicou às Mulheres e às Mães – e “Timor da minh’ Alma”).

Nesta primeira parte foram declamados poemas muito interessantes e por isso foi muito difícil fazer uma selecção destes. Optei, pela originalidade, por este da Cândida Ribeiro:


UM DIA SEM PENSAMENTOS


O despertador soou baixinho.
Abriu um olho, depois outro, ainda era cedo.
Agradeceu ao PAI este novo amanhecer;
Pediu ao seu Anjo para nunca a esquecer.
Espreguiçou-se, saltou da cama devagarinho,
olhou o reflexo do seu rosto no espelho:
Oh, que linda que era, mesmo de vermelho!
Os cabelos estavam lisos, que maravilha!
brilhantes e dourados como uma espiga.
Ouviu o som da água caindo no seu corpo adormecido.
A toalha deslizou até aos pés, ainda entorpecidos.
Sem pressa, saboreou o pequeno-almoço.
Voltou depois ao quarto, sem alvoroço.
Olhou a roupa pendurada no armário;
vestiu a mais colorida que podia:
Parecia um arco-íris, cantava como cotovia.
O coração bateu devagarinho,
sentiu que celebrava o novo dia, com alegria.
Sorriu de felicidade!
O trânsito, esse, não havia, chegou rápido.
Entrou no seu gabinete, confiante.
Atirou o cabelo para trás, num gesto elegante.
A colega lá ao fundo, olhou espantada,
Murmurou um elogia atrapalhada:
Oh, estás linda, de olhos penetrantes.
Sorriu de novo, de felicidade!
Abriu a janela que dava para o jardim:
um pássaro cantou, a rosa amarela desabrochou.
Nesse momento, o chefe entrou com ar enigmático.
Esperou calmamente para ouvir a sua voz:
O que tenho para assinar? – disse, simpático.
Os processos ficaram prontos num segundo.
Leu, releu e assinou bem ao fundo.
Durante a tarde despachou todo o trabalho:
Sorriu ao telefone, respondeu aos mail recebidos,
atendeu simpaticamente quem chegou,
e consultou os seus blogues preferidos.
Falou com a filha ao telemóvel, (estava tão feliz!...)
Reencontrou um amor antigo, é o que diz.
O filho, esse, nem deu sinais de vida.
Anda sempre atarefado, é muito solicitado,
mas anda sempre feliz!
Chegou a casa despreocupada, sorridente.
Tem uma boa empregada, é competente.
O marido preparava-se para sair, ia à ginástica,
Disse que aula de dança era fantástica.
Acreditou no que ele disse, para experimentar.
Afinal não tinha nada em que pensar.
Perdeu logo 500 calorias, só a dançar.
Entusiasmada, fez logo outra aula: conexão,
Pois então!
Já no final, percebeu com alegria:
A mente tinha encontrado o coração.
Que emoção!
E os pensamentos?
Esses, foram levados pelos ventos. !!!


Canduxa – Cândida Ribeiro

(declamado pela própria, nesta Sessão)




Na segunda parte, no tema “Livre” intervieram António Castilho que nos leu “O Voo do Mosquito”,Manuela Carneiro (que declamou o poema “Nuvens” que preparara para a Noite de Poesia anterior), Bruna Carneiro (que leu “A Poesia e as Cerejas”), Joaquim Soares (um poeta com muito interesse que “descobriu” as nossas Noites de Poesia), Cândida Ribeiro (que homenageou, através de um poema, as flores silvestres), Palmira Marques, de Coimbra, pela voz de José Gomes, homenageou a Mulher, a Mãe e a Nação Timorense, Jaime Gonçalves, que lembrou o 25 de Abril de 1974 e o primeiro 1º de Maio, Teresa Gonçalves, que declamou o poema que fizera para o tema, só que se enganou, pensando que era “Sentimento”, Silvino Figueiredo, o Figas, declamou dois poemas bem ao seu jeito, daqueles que mesmo a sério nos fazem sorrir, Fátima Fernandes, dois belos poemas da sua autoria, Maria Mamede, que fez a sua homenagem a todas as Mulheres, declamando o seu poema “Depois da Guerra, dedicada aos sobreviventes de todas as guerras”, do seu livro “Palavras Gastas”, Ferreira da Costa que dedicou a todas as Mulheres o fado “Igreja de Santa Cruz” (foi esta a surpresa que nos fez, cantando esta canção sozinho, sem instrumentos musicais…), Ercília Freitas que nos declamou dois poemas comemorativos de duas datas: “Capas Negras”, dedicada à Queima das Fitas do Porto e “Mãe” dedicado ao dia da Mãe e Albino Santos, o mais recente Avô das Noites de Poesia, declamou o primeiro poema que escreveu.




Desta segunda parte escolhi este soneto da Ercília Freitas:



Mãe


No teu ventre chão imaculado
Germina e cresce a mais bela secante
Seara casta, isenta de pecado
Onde o milagre da vida está presente


É teu seio, refúgio abençoado
Fonte que dá mimo e acalenta
De onde brota esse néctar sagrado
Que acalma, sacia e alimenta


No teu peito sofrido, maltratado
Bate um coração abnegado
Capaz de amar e perdoar como ninguém


Nele impera o amor mais belo e infinito
De todos o mais puro e mais bonito
Por ele te fez Deus mulher e mãe.


Ercília Freiras

(declamado pela própria, nesta Sessão)



O tema proposto para a próxima Noites de Poesia em Vermoim (dia 7 de Junho, pelas 21,30 horas) é “RIOS”.



Contamos com a vossa colaboração e entusiasmo. Então, até Junho!


José Gomes

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